Após dois dias de muita polêmica, com troca de acusações e agressões verbais em páginas e perfis do Facebook (inclusive o nosso e aqui no site), a Confederação Brasileira de Remo (CBR) adotou na noite de terça-feira (15) uma decisão “extraordinária e inédita” na história da modalidade no país: declarou Botafogo e Flamengo Campeões Brasileiros de Remo Júnior, “em virtude da grande igualdade de forças dos dois primeiros classificados” e “em respeito aos atletas, técnicos e clubes”.
A polêmica começou assim que o Oito Com Masculino Júnior A do Flamengo cruzou a linha de chegada em terceiro lugar, superando pelo bico do barco a guarnição da Federação do Espírito Santo. Com os três pontos da posição, o rubro-negro somou os mesmos 61 pontos do Botafogo, vencedor da última prova, com o União, de Porto Alegre, em segundo.
Só então os dirigentes dos dois clubes se deram conta de que a palavra “desempate” só aparecia no regulamento aprovado por todos na frase “a quinta colocação servirá para critério de desempate”, e logo em seguida, ao prever que “o clube com o número de remadores participantes mais elevado será o ultimo critério de desempate”.
Ambos os critérios dariam o título ao Flamengo, mas o Botafogo alegou que os três quintos lugares do Flamengo foram conquistados com barco B, que segundo o regulamento “não pontuará”, enquanto um dos dois alvinegros fora com barco A, além do fato de o clube ter tido mais vitórias (cinco contra quatro). O regulamento poderia ter previsto ambas as situações, mas aparentemente ninguém pensou que a disputa seria tão acirrada.
O resultado é que a CBR admitiu a “falibilidade prática do critério de desempate” e decidiu dividir o título, “no intuito de manter com a comunidade do remo brasileiro o respeito e a transparência necessários ao pleno entendimento de todos aqueles que, unidos, reconhecem o valor do esporte e da tolerância que o remo pode proporcionar”.
Em Comunicado Oficial, a entidade reconheceu “a dúvida gerada por conta da interpretação de uma nova regra, que deverá ser revista em comum acordo com os clubes interessados para os próximos anos”. A regra em questão “visava incentivar o aumento do número de atletas agraciados com o incentivo das bolsas federais”, distribuídas apenas a atletas participantes de provas com pelo menos cinco barcos.
Segundo a nota, “para dirimir qualquer tipo de dano gerado às duas agremiações diretamente envolvidas, a CBR, como representante maior do remo brasileiro, reconhece a sua falha e, avaliando todos os critérios de pontuação, leva em consideração que o número de pontos foi igual para os dois clubes”.
No comunicado, a CBR destaca a “comoção que tal fato gerou”, agradece “o empenho dos diversos envolvidos que buscaram uma solução de entendimento e de grandeza para o remo”, e diz contar “com a compreensão e a vontade geral dessa comunidade para que o remo cresça, mesmo e principalmente diante das adversidades”.
A julgar pela reação nas redes sociais, a solução salomônica não livrou a entidade de críticas, mas fez jus ao esforço dos remadores de ambos os clubes, que voltam a se enfrentar no este domingo na última regata do Campeonato Estadual, quando, espera-se, a temporada tem tudo para terminar em festa, e sem polêmica.
Leia a crônica da regata (anterior à decisão da CBR).
Veja a íntegra do Comunicado Oficial da CBR.
Fonte: Confederação Brasileira de Remo.