Foi um ano histórico. Em 2016, a Lagoa Rodrigo de Freitas recebeu os melhores remadores do Mundo nos primeiros Jogos Olímpicos e Paralímpicos na América do Sul; despediu-se da catarinense Fabiana Beltrame, o maior nome da modalidade no Brasil; e viu o carioca Lucas Verthein ganhar cinco ouros no Campeonato Brasileiro, dois meses após conquistar um bronze inédito para o país no Mundial Junior, na Holanda.
Sem a prometida arquibancada flutuante, nem a temida mortandade de peixes, a raia da Lagoa exigiu perícia e resistência dos atletas Olímpicos, em agosto. Ventos fortes e chuva forçaram o adiamento de provas em dois dias, mas sem afetar as 14 finais, que tiveram 10 países diferentes no topo do pódio – com os britânicos conquistando o tri na última prova, graças à vitória no Oito Com Masculino sobre alemães (prata) e holandeses (bronze).
As americanas também fizeram história no Rio, mantendo a invencibilidade de dez anos no Oito Com Feminino, com o tri Olímpico na prova, superando britânicas e romenas. Campeã Mundial em 2015, a australiana Kim Brennan a confirmou seu domínio no Single Skiff Feminino
com o ouro na Lagoa, à frente de Genevra Stone (EUA) e Jingli Duan (CHN).
Mas nada superou a final do Single Skiff Masculino, com a vitória do neozelandês Mahe Drysdale decidida no photo finish, por 3 centímetros de vantagem sobre o croata Damir Martin, com o tcheco Ondrej Synek em terceiro. O agora bicampeão estabeleceu o novo melhor tempo da prova nos Jogos Olímpicos: 6m41s34, mais de um segundo abaixo da marca do belga Tim Mayens (6m42s52) em Londres-2012.
A raia também baixou os melhores tempos em três das quatro provas nos Jogos Paralímpicos, em setembro: no Single Skiff AS Masculino e Feminino e no Double Skiff TA Misto, com os brasileiros Renê Campos e Cláudia Silva terminando em sexto nas finais A individuais. Como na Olimpíada, o estádio de remo recebeu mais de seis mil espectadores para assistir à disputa de medalhas, numa demonstração da atratividade do esporte.
Prata no Single Skiff Feminino no Pré-Olímpico em março, no Chile, Fabiana Beltrame, de34 anos, ficou fora dos Jogos Olímpicos do Rio pelos critérios da CBR, que só podia inscrever um barco por gênero e optou pelo Double Skiff Peso-Leve Feminino, com Fernanda Nunes e Vanessa Cozzi, que venceram sua prova classificatória – William Giaretton e Xavier Vela foram os representantes no Double Skiff Peso-Leve Masculino.
“Como estava chegando perto dos Jogos e eu não conseguia achar nenhuma parceira, eu preferi ficar no skiff (pesado). A Fernanda e a Vanessa se juntaram alguns meses antes e conseguiram se classificar com a medalha de ouro. Eu fiquei com a prata e, com esta mudança de regra, elas acabaram sendo as escolhidas para competir. Eu digo que há males que vêm para bem, eu não iria conseguir competir bem aqui a Olimpíada. Não estava no meu auge justamente pela chikungunya. É lógico que eu fiquei muito triste de não participar, eu queria encerrar com a minha quarta Olimpíada, no Brasil, mas Deus escreve certo por linhas tortas. Na época, eu fiquei triste, mas hoje em dia eu já entendo e está tranquilo”, afirmou Fabiana ao site Globoesporte.com.
Ela pegou chikungunya em abril e ainda se recuperava quando disputou sua última competição internacional, terminando em sexto lugar na Final B do Single Skiff Peso-Leve Feminino na 3ª Etapa da Copa do Mundo, na Polônia, em junho. Foi seu pior resultado em nove participações na prova – que não integra o programa Olímpico –, na qual ganhou três ouros (2011, 2013 e 2015), uma prata (2015) e dois bronzes (2010 e 2013), além de um quarto lugar em 2011, ano em que foi campeã Mundial, na Eslovênia.
Menos de dois meses após a Paralimpíada, com a raia albano e os deques de embarque e desembarque usados nos Jogos, a Lagoa foi reaberta para o Campeonato Brasileiro Júnior e Sênior de barcos longos. Campeão do Brasileiro de Barcos Curtos em abril, em São Paulo,o Botafogo ratificou sua hegemonia com 13 ouros em 20 provas – mais que o dobro dos seis ouros do Vasco, quatro deles com Fabiana Beltrame em sua última competição nacional.
Destaque alvinegro ao lado do amazonense Ailson Eráclito, com cinco ouros cada, o carioca Lucas Verthein, de 18 anos, entrou para a história do remo brasileiro em agosto, ao ganhar a primeira medalha do país no Mundial Júnior, com o bronze no Single Skiff Masculino, na Holanda. Na mesma semana e raia, o mineiro Uncas Tales, também do Botafogo, ficou em 8º no Mundial Sub-23, ganhando três posições em relação à sua participação anterior, em 2014.
Os três contribuíram decisivamente também para o inédito tetra do alvinegro no Campeonato Estadual, com o título invicto garantido com folga na 4ª Regata, em novembro, a última competição oficial de Fabiana Beltrame, que se despediu da Lagoa com mais um ouro no Single Skiff Peso-Leve Feminino.
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